XICO NICO, ESCULTOR – ARTE OUTSIDER
Exposição organizada pela Associação Portuguesa de Arte Outsider em parceria com a Câmara Municipal de Lisboa Palácio Galveias, Lisboa, 4 Abril – 20 Maio
XICO NICO, SCULPTOR – OUTSIDER ART
Exhibition organized by the Portuguese Association of Outsider Art Palácio Galveias, Lisbon, April 4th – May 20th
Colóquios / Meetings – sábados dias 14, 21 e 28 de Abril 16h
Cumprindo o seu objectivo de descobrir e revelar artistas outsider portugueses, a Associação Portuguesa de Arte Outsider organiza a sua primeira Exposição, no Palácio Galveias, em Lisboa. Vão ainda realizar-se 3 Colóquios durante a Exposição, dedicados à Arte Outsider, nos sábados dias 14, 21 e 28 de Abril, pelas 16 horas.
Following the objective of discovering and revealing portuguese outsider artists, the Portuguese Association of Outsider Art organizes its first exhibition, in Palácio Galveias, in Lisbon. During the exhibition there will take place 3 Meetings on Outsider Art.
A escultura de Xico Nico
Xico Nico (Francisco Nico) nasceu em 1951, em Peniche, onde reside e possui ateliê, na Fortaleza. Desde a escola secundária começou a interessar-se pela escultura. Concluída a especialização em metalo-mecânica, foi durante 22 anos técnico nesse campo. Desde 1987 foi formador de metalo-mecânica na CERCI (cooperativa pioneira na reabilitação de deficientes) de Peniche, intensificando a partir desse período a sua actividade escultórica, certamente fruto da sua sensibilidade e do contacto humano com os inadaptados.
Participou em mais de 50 exposições coletivas desde 1990. Destaque-se o 1º prémio da Feira Internacional de Artesanato em 2008, a Exposição Coletiva “Figuras e Figurado” em 2008 no Pavilhão de Portugal, as Exposições Individuais, em 2010, no Edifício Cultural e na Escola Superior de Tecnologias do Mar, em Peniche.
Grande parte das esculturas de Xico Nico deve ser considerada Arte Outsider, e não Artesanato, e só assim as suas peças podem ser compreendidas e valorizadas, na sua plenitude. Com efeito, os elementos constituintes do conceito desse tipo de arte, definidos por Jean Dubuffet, estão presentes em Xico Nico: um artista autodidata, uma temática e uma expressão formal fruto do seu sentir profundo, pouco influenciada pela arte de tradição erudita, e até, nalguns casos, utilizando técnicas próprias e sui generis.
A notável e invulgar escultura de Xico Nico revela-nos um universo figurativo muito pessoal e perturbador, onde predomina não só o ser humano como uma vasta diversidade de animais. Todas estas figuras apresentam características singulares, exprimindo enorme força intrínseca de sentimentos, por vezes múltiplos e contrastantes, incluindo alguns de pendor expressionista ou provindos do inconsciente, pontuada, no caso dos animais, pela ironia ou pela inventividade no estado puro, síntese do olhar do artista reinventando o real. Nas suas esculturas os animais exibem fulgor anímico e soberbo, de corpo estranho ou mesmo insólito.
No modo como trata os materiais que domina (sobretudo o ferro e a pedra), Xico Nico consegue uma raríssima harmonia com o tema e a expressividade, mais visível quando escolhe os tipos de pedras (proporcionando diversificadas e inusitadas leituras), as pedras calcárias, recolhidas nas praias de Peniche, algumas exibindo o desgaste ou os orifícios que o mar primeiro modelou. Xico Nico adora criar formas novas e espontâneas, quase experimentais, afastando-se de um “estilo” estereotipado de autor, e, neste aspecto, ele é também um outsider, mesmo nos poucos casos em que se poderá aproximar de uma nova arte popular.
Tanto ao evocar um rosto humano, como ao interpretar a essência de um animal, as suas esculturas são obras poderosas, que demonstram a força interior e a surpreendente inventividade de um artista autêntico.
Vítor Albuquerque Freire
Xico Nico’s sculpture
Xico Nico (Francisco Nico) was born in 1951, in Peniche, where he lives and has an atelier, in the Fortress. While at secondary school he started being interested in sculpture. After he graduated in metal-mechanics, he worked in that field for 22 years, In 1987 he became a teacher at CERCI (a pioneer institution for the disabled) of Peniche, developing at that time his sculpture activity. He has taken part in more than 50 collective exhibitions since 1990. We can point out the first prize at the International Folk Art Fair held in Lisbon in 2008, the collective exhibition at Portugal Pavilion in 2008, the solo exhibitions held in 2010 at the Culture Building and at the Sea Technology School, in Peniche.
Most part of Xico Nico’s sculpture must be considered Outsider Art, and only through that perspective they can be fully understood and admired. The characteristics appointed by Jean Dubuffet in its concept of Outsider Art match Xico Nico’s profile: an untrained artist, with forms and subjects deriving from its own depths, with little or no influence from erudite art, and even creating his own techniques.
The remarkable and unusual sculptures of Xico Nico present a very personal and disturbing figurative world, where the main actors are humans and also a wide range of animals, displaying strong feelings, sometimes multiple and contrasting, including some of an expressionist approach, or proceeding from the unconscious, and, in the case of animals, stressed by irony and pure inventiveness. Trough the way Xico Nico uses materials, mainly iron and stone, he obtains a very rare harmony between subject and form, specially when he chooses the stones he picks himself at Peniche’s beaches, stones weathered and with perforations shaped by the sea.
Either evoking a human face or unfolding the essence of an animal, his sculptures are powerful works that demonstrate the inner force and the stunning inventiveness of a genuine artist.
Vítor Albuquerque Freire