PROPOSTA APRESENTADA AO GOVERNO E CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA EM MAIO DE 2015 (COM DOCUMENTAÇÃO ANEXA, INCLUINDO ORÇAMENTO E PLANO DE REUTILIZAÇÃO DE IMÓVEIS)

PROPOSAL TO EXTEND MIGUEL BOMBARDA OUTSIDER ART AND SCIENCE MUSEUM SUBMITTED TO THE GOVERNMENT AND MAYOR OF LISBON

DESENVOLVIMENTO URGENTE DO MUSEU MIGUEL BOMBARDA DE ARTE E CIÊNCIA

UM TESOURO PARA O FUTURO, PRESTIGIANTE PARA O PAÍS

UM PATRIMÓNIO EM RISCO, QUE TEM DE SER SALVAGUARDADO

O ex Hospital Miguel Bombarda é um património muito raro a nível mundial, pela diversidade e qualidade das suas valências, que inclui edifícios vanguardistas, uma das mais antigas coleções de arte de doentes (c.5000 obras), um notável acervo de fotografia (c.5000), de material clínico e de mobiliário, além de um precioso e vasto Arquivo, com dezenas de milhares de processos, livros de registo, relatórios, correspondência, múltipla documentação social, etc, desde 1848.

Só uma pequeníssima parte do acervo está exposto no atual Museu do Hospital, fundado em 2004 (visitado por 40000 pessoas, sobretudo estrangeiros), instalado no Pavilhão de Segurança, o edifício a que os visitantes têm acesso. O restante acervo e todo o arquivo foram transportados, aquando do encerramento em 2011, para o Hospital Júlio de Matos.

Recentemente (DR, 6-10-2014) foi aprovado o processo de Classificação do Edifício Principal, integrando-o no Conjunto de Interesse Público já existente, do Balneário D. Maria II e do Pavilhão de Segurança, com todo o recinto incluído na Zona Especial de Proteção, mas com características por definir… A Classificação é uma importante vitória do movimento contra projetos imobiliários que só iriam desertificar mais a zona.

A Cultura Portuguesa está perante uma oportunidade que não deve desperdiçar. Com efeito, a única reutilização para todo o Edifício Principal que respeitará a sua classificação só poderá ser a ampliação do Museu, por manter a identidade histórica do imóvel e preservar os interiores, em alvenaria, que resistiram ao terramoto.

Este património continua em risco e tem de ser salvaguardado. Assim, a totalidade do acervo e do arquivo deve regressar ao Hospital, e o Museu deve ser desenvolvido e ampliado a curto prazo, sem esperar por novos e dispendiosos projetos arquitectónicos e discussões durante anos sobre a Colina de Santana… enquanto se degrada o património. Seguindo, aliás, a Recomendação da Assembleia da República ao Governo sobre o Hospital Miguel Bombarda, aprovada por unanimidade, que indica a valorização dos elementos artísticos, documentais, clínicos e o mobiliário a serem mantidos no Hospital (Resolução nº 99/2011 de 6 de Abril, DR, 2-5-2011).

Será um Museu de Arte e Ciência, de Arte de Doentes e Outsider, de Ciências da Mente e do Cérebro, de História, Sociologia, e outras, com Centro de Investigação, museu de sítio, com o seu espírito de local e recheio muito próprios, e um dos mais representativos a nível internacional, instalado no Edifício Principal e nos pequenos Pavilhão de Segurança, Balneário D. Maria II e Laboratório. E com nome do mais prestigiado médico-cientista na sua época, que fundou no Hospital um dos primeiros Museus de Arte de Doentes da Europa, e o dirigente máximo da revolução republicana.

Este Museu inovador e singular, com o passado a servir a ciência do futuro, não pode ser rejeitado, por ignorância ou miserabilismo, ou por despeito, como é frequente suceder no país. Ao exibir a criativa e fascinante Arte de Doentes de crescente popularidade (hoje sem local apropriado de exposição em Portugal), promoverá a saúde, elevando a auto estima, e desmistificando a perturbação mental, contra o estigma e a discriminação.

O Museu será autónomo de um possível Museu no Hospital de S. José, dada a sua especificidade e segundo a tendência museológica internacional (anexo), podendo ser tutelado, em modelo a definir, pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria de Estado da Cultura, em eventual parceria com o Município de Lisboa (que reutilizaria os edifícios em poste telefónico e em U para exposições), suportado por verbas da União Europeia, a não perder, e de mecenato, e com apoio científico e financeiro de entidades da sociedade civil. A venda seria cancelada pela Estamo-Ministério das Finanças ou o Município permutaria o terreno, como tem efetuado noutras situações.

O Museu ampliado será uma instituição dinâmica, com sustentabilidade financeira demonstrada pelo Orçamento que apresentamos, de turismo cultural, nacional e estrangeiro, revitalizador dessa zona histórica. E que será instalado a curto prazo, praticamente sem obras de vulto, mantendo a autenticidade dos interiores, desenvolvendo-se de modo faseado, e sem dispendiosas cenografias expositivas.

Solicitamos assim ao Governo e à Câmara Municipal de Lisboa, que, pelo superior interesse nacional, promovam o desenvolvimento urgente do Museu Miguel Bombarda de Arte e Ciência, baseado nesta proposta, um muito reduzido investimento em cultura, de elevado efeito económico multiplicador, e de enorme prestígio para o país.

As suas 3 componentes museológicas atingirão públicos alvo diferentes, atraindo portanto um elevado número de visitantes: 1ª Edifícios únicos no mundo (o extraordinário Pavilhão de Segurança, de 1892-1896, o elegante Balneário D. Maria II, de 1853, a ser restaurado, com o equipamento de hidroterapia original) só por si peças surpreendentes, e locais emblemáticos (gabinete onde foi assassinado Miguel Bombarda, Sala do Museu de 1898, Salão Nobre com azulejaria barroca, Igreja rocaille c.1738, e outros) de forte atração, em visitas guiadas; 2ª No Edifício Principal, acervo e exposições exclusivamente da exuberante arte de doentes e arte outsider, tanto da coleção do hospital (pintura, azulejos, escultura, poesia e prosa) como das dezenas de ateliês existentes no país, de inéditos artistas outsider e de intercâmbio internacional, de crescente adesão; 3ª No Edifício Principal, acervo e exposições sobre saúde mental, história da ciência e do Hospital, além da catalogação e acondicionamento do acervo e do riquíssimo Arquivo, estes ocupando dois pisos.

Existirão ainda dois núcleos, um dedicado à Congregação da Missão de S. Vicente de Paulo, que erigiu o edifício principal, e outro dedicado à implantação da República, que incluirá o gabinete do Prof. Bombarda e a sala contígua. Funcionará o Centro de Investigação, com Biblioteca e o Arquivo, de acesso sujeito a marcação. Imprescindível será uma Galeria, junto à recepção, para venda de obras, também fonte de receita, um Atelier e Centro de Apoio de materiais de arte para autores outsider, conferências e workshops, e um serviço educativo. Foi elaborado um plano de reutilização, minorando despesas com pessoal, um layout das áreas destinadas às diversas funcionalidades.

Prof. Maria Luísa Figueira, Presidente da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental

Prof. Victor Oliveira, Presidente da Sociedade Portuguesa de Neurologia

Dr. João Azevedo e Silva, Presidente da Sociedade Portuguesa de Arte Terapia

Dr. Vítor Albuquerque Freire, Presidente da Associação Portuguesa de Arte Outsider

Pe. Álvaro Cunha, Padre Provincial da Congregação da Missão de S. Vicente de Paulo

Movimento de Apoio ao Museu Miguel Bombarda (aparteoutsider@hotmail.com)

– Petição com 1200 assinaturas manuscritas